quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O PT mudou de lado, abandonou os trabalhadores e perdeu a ética



Escreve Babá*

Os Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmaram a existência do mensalão, esquema de corrupção utilizado por Lula e o PT para se manter no poder por meio de negociatas nas coligações eleitorais e compra de votos de parlamentares da base aliada, o que envolveu até remessas ilegais de dinheiro para o exterior.

A condenação de Marcos Valério, da empresa SMPeB, de diretores do Banco Rural e de João Paulo Cunha, ex-presidente da câmara dos deputados, comprova as críticas dos chamados Radicais do PT em 2003/2004 e do PSOL em 2005/2006. Dois momentos em que, no Rio de Janeiro, estive ao lado de figuras como Milton Temer e Chico Alencar. A guinada ideológica e programática do PT aceitando o projeto neoliberal, ampliando o arco de alianças em direção a partidos patronais, está na base da explicação do escândalo. Ao mudar de lado, o PT aprofundou a herança maldita do governo FHC: a política econômica ditada pelo imperialismo norte-americano e seus métodos corruptos de governar o país. 


Não é por acaso que o PT reproduziu a engrenagem do mensalão mineiro que beneficiou o PSDB. É como temos dito em nosso blog: é simbólico que o jornal DESTAK, distribuído gratuitamente no metrô do Rio, tenha feito o seguinte paralelo para noticiar a manifestação dos servidores no dia 27/08: “Dentro, Dilma aplaude com Cabral e Mercadante. Fora, o ex-deputado Babá fecha a rua com militantes”. Antes era inimaginável qualquer protesto sem a presença dos lideres do PT, mas desde a expulsão dos radicais, fica cada dia mais claro que eles ficaram com o aparelho partidário e nós ao lado dos trabalhadores. Por isso eles seguem dentro dos Palácios e nós nas trincheiras da luta de classes.

A direção do PT achou que sairia impune. Eles montaram um projeto de poder e passaram por cima de tudo e de todos. Destruíram o PT e abandonaram até mesmo a política que eles aprovaram nos congressos partidários. Hoje estão tomando o troco nas ruas, nas greves e vão ter péssimos resultados nas urnas. José Dirceu organizou a nossa expulsão por meio de um processo na comissão de ética do Partido. Silvio Pereira e Delúbio Soares foram os promotores de acusação. Três indivíduos que não tem nenhuma ética. Felizmente naquele tribunal fomos defendidos por nomes como Chico de Oliveira, Reinaldo Gonçalves, Plínio de Arruda Sampaio, Dalmo Dallari e Ricardo Antunes. Além disso, contamos com apoio de inúmeros lutadores sociais, o que permitiu fundar o PSOL.

Ao sermos expulsos do PT, fomos coerentes, não abandonamos as idéias que sempre defendemos e pelas quais tanto lutamos ao longo de nossas vidas. Ao votar contra a reforma da previdência e a taxação dos inativos - medidas aprovadas por meio do esquema corrupto do mensalão - não nos vendemos nem nos rendemos. Não decepcionamos aqueles que nos buscaram como representantes, como porta-vozes das lutas da cidade e do campo. Isso nos valeu uma moção de apoio a nossa atitude por parte da Coordenação Nacional dos Servidores Públicos Federais e de entidades como ASSISBGE/SN, ANDES/SN, CONDSEF, FASUBRA, FENAFISP, FENAJUFE, FENASPS, SINASEF, SINDLEGIS e UNAFISCO. Não podemos esquecer que durante aquela votação, João Paulo Cunha do PT, hoje condenado pelos crimes do mensalão, convocou o pelotão de choque da Polícia Militar de Brasília para cercar e adentrar a câmara dos deputados com o intuito de intimidar os servidores públicos em greve, ordenando a repressão e as prisões que ocorreram durante a manifestação contra a privatização da previdência. João Paulo fazia aquilo em nome da lei e da ordem, enquanto dilapidava o patrimônio público e saqueava os cofres da nação.

Os trabalhadores andam de metrô, ônibus e tratam de sua saúde por meio do SUS. Os filhos de nossa classe estudam em escolas públicas. Silvio Pereira anda de Land Rouver e Delúbio Soares esbanja de jatinho. Dirceu, Palocci e Genoíno seguem com as empresas que lucram com explorando os serviços nas áreas da educação, saúde, previdência e infra-estrutura. Por isso, Dilma privatiza os hospitais universitários, os aeroportos e instituiu a previdência privada do servidor público. Lula preferiu Geddel Veira Lima, do partido de Jader e Sarney, aos chamados "radicais do PT". Abandonou parceiros com os quais antes havia construído o PT e CUT, selando seu caminho sem volta em direção ao que há de pior na podre política nacional. 


O aperto de mãos com Maluf é a máxima representação dessa degeneração. Nós continuamos onde sempre estivemos. Lula não. O ex-presidente embarcou com tudo na campanha de Eduardo Paes, candidato de Sérgio Cabral, dois antigos tucanos que viraram a casaca depois que o PSDB perdeu a presidência da república. Essa traição dos dirigentes Petistas e suas maracutaias contra os trabalhadores e a juventude não podem ficar impunes.

O julgamento do STF caminha acima das expectativas, porém ainda é cedo para comemorar, visto que inocentaram Luiz Gushiken. Por outro lado, ainda não se condenou José Dirceu nem os demais parlamentares e temos que aguardar a dosagem das penas. Sem dúvida, uma grande falha é a não inclusão de Lula na denúncia. É absurdo que o ex-presidente, o mentor e maior beneficiado de todo o esquema, saia ileso com se não soubesse de nada.

A insatisfação popular, as greves, as mobilizações juvenis dos últimos anos estão impondo que se faça justiça. Porém devemos seguir ativos e vigilantes. É preciso ficar atento para as movimentações de Dilma, que pressiona pela absolvição através do Ministro da Justiça. Por outro lado, a CPI DELTA-Cachoeira mostrou que a mesma prática segue vigente no país sob o atual governo. Nós exigimos o confisco de bens de todos os condenados. Exigimos fim do foro privilegiado, do voto secreto e do sigilo bancário, fiscal e telefônico de todos os políticos, banqueiros e empresários.

*Servidor Público Federal e membro da Direção Nacional do PSOL
e da Corrente Socialista dos Trabalhadores

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