terça-feira, 28 de agosto de 2012

Rio de Janeiro fora dos trilhos: violência, privatização e um ano sem bondinho

É preciso derrotar nas ruas e nas urnas, Eduardo Paes e Sergio Cabral


Escreve Babá*



Diferente do que o ex-presidente Lula declarou no programa eleitoral de Eduardo Paes, nossa cidade perdeu muito nos últimos anos. O condomínio de legendas de aluguel sob gestão do PMDB-PT transformou o Rio de Janeiro na cidade das negociatas. Cabral e Paes tentam novamente ludibriar os eleitores com as promessas de futuro promissor através de jogadas de marketing utilizando os grandes eventos, como a Olimpíada. Mas nas últimas semanas, novamente, tivemos provas do descompromisso dos atuais governantes para com os interesses dos trabalhadores e do povo.

UPP’s – Nessa Paz não acredito!


Em primeiro lugar no crescimento da violência. No Bairro da Tijuca, a preocupação dos moradores aumentou após o assalto a um restaurante em plena luz do dia. O cruzamento das ruas Mariz e Barros e Professor Gabizo, transformou-se num palco de guerra, com troca de tiros entre assaltantes e a PM e a praça Afonso Peña foi arena de perseguição policial.  A rotina normal de deslocamento para o trabalho foi estilhaçada do mesmo modo que os vidros doRestaurante Brasa Gourmet. O sossego chegou ao fim do mesmo modo com que vidas daqueles pobres assaltantes. Um deles foi capturado com vida, mas chegou morto ao Hospital. Na prática foi assassinado no percurso, situação para a qual as autoridades inventaram o nome de “auto de resistência”.

Infelizmente não é uma realidade apenas da Tijuca. Três crianças e uma jovem perderam suas vidas em decorrência de violentas operações policiais em Guadalupe, Costa Barros e Pavuna. Há ainda 15 assassinatos decorrentes de operações do BOPE no morro do Dendê, na Favela da Maré e Arara.

A violência e insegurança podem ser vistas até mesmo nos números divulgados pela PM, com o aumento de 158% dos autos de resistência, tirando a vida das populações mais pobres e desassistidas.

De acordo com dados da ONU, em todo país 50 mil pessoas foram assassinadas no último ano, classificando as metrópoles nacionais entre as mais violentas do mundo, o que incluiu a nossa cidade.

O problema da segurança pública não será resolvido com violência policial e mais repressão, porque toda a política segue marginalizando o povo, removendo populações de áreas cobiçadas pela especulação imobiliária, impondo a ditadura das milícias em vastos territórios periféricos. Isso, num país que figura entre os mais desiguais da América Latina, com mais de um terço de seus habitantes em favelas e 60% do território descoberto de saneamento básico, sem falar nas péssimas condições da educação e saúde públicas.

Sem investimento em áreas sociais, sem rever os contratos com empreiteiras como a DELTA, sem rejeitar as negociatas como as praticadas com a Fetranspor, não haverá verdadeira saída para a segurança, pois milhares de crianças e adolescentes, que hoje não vislumbram qualquer perspectiva de futuro serão atraídos para o mundo do crime ou serão vitimas inocentes da violência policial. Por outro lado necessitamos rever a lógica do atual “choque de ordem”. Necessitamos qualificar melhor nossa tropa, desmilitarizar a guarda municipal, conceder o reajuste salarial reivindicado pelos praças, garantir direito de livre manifestação e organização sindical para os militares, além de reincorporar os demitidos PM’s e Bombeiros grevistas, a exemplo do Cabo Daciolo.

Não à Privatização do Galeão
Dilma, com apoio de governadores e prefeitos, acaba de lançar a nova fase de seu plano de privatizações da infraestrutura nacional, abrangendo estradas, ferrovias e aeroportos. Tudo absurdamente financiado com recursos públicos do BNDES. 

A forma não pode nos confundir: concessão, terceirização, parceria público-privada, são apenas outros nomes para denominar a privatização. No caso do Galeão, o pomposo nome Parceria Público-Privada é a forma encontrada para entregá-lo aos interesses de uma empresa estrangeira do setor. O que é mais absurdo, é que as vésperas da privatização, a INFRAERO realiza um investimento de R$ 153 milhões no aeroporto, que é um dos poucos que possui lucro liquido de arrecadação.

A medida é um absurdo. Basta olhar o sistema de telecomunicações para ver os problemas que a privatização impôs ao país e aos milhares de usuários da telefonia ou ainda as consequências nefastas das terceirizações na educação e das OS’s na área da saúde.

Santa Teresa não perde o bonde e a esperança


Após um ano da tragédia ocorrida com o bondinho, os moradores de Santa Teresa e frequentadores do bairro voltaram a protestar. O descaso dos governantes foi responsável pela perda de vidas humanas e pelos danos físicos e emocionais aos mais de 48 feridos no fatídico acidente. No entanto Cabral e Paes seguem de costas para a população mesmo após seus erros. Desconsideraram todos os alertas, protestos e reivindicações da AMAST (Associação dos Moradores e Amigos de Santa Teresa), que exigiam manutenção e mais investimentos. Agora, por meio de licitação pretendem favorecer negociatas com empresas da Gang do Guardanapo, impondo a empresa Ttrans S/A para fabricar novos bondes, de outros modelos. Além de descaracterizar o histórico meio de transporte do local a empresa possui o agravante de que deveria ter reformado os antigos modelos em 2005, veículos que hoje estão parados. Pelo menos uma explicação vem a tona: queriam o fim dos modelos anteriores para lucrar mais na confecção dos novos, bem ao estilo da “ética do mercado” descrito pela empresa Locanty.

Não há outra saída: pra mudar é preciso lutar, como fizeram e fazem os moradores de Santa Teresa. É preciso organização e mobilização. Por isso, estive presente na manifestação por ocasião de um ano da tragédia, juntamente com Eliomar Coelho, vereador do PSOL, Mc Leonardo, candidato a vereador e presidente da Apafunk, Chico Alencar, nosso deputado federal, além de Marcelo Freixo, o futuro prefeito do Rio.

Em outubro temos que dar o troco também nas urnas, votando no PSOL, elegendo Marcelo Freixo prefeito e uma forte bancada de vereadores do PSOL.

*Morador da Tijuca, integrante do comando de greve da UFRJ e fundador do PSOL.

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