segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O governo Dilma mente! Há dinheiro para salário, plano de carreira e áreas sociais!


Estamos frente a um momento crítico da situação política nacional. Uma onda de greves reclamando salário, plano de carreira e condições de trabalho sacode o país de norte a sul, tendo na vanguarda os servidores públicos federais. No entanto, também são parte da luta trabalhadores da iniciativa privada como os caminhoneiros, motoqueiros, da GM ou da construção civil, enquanto se preparam as campanhas salariais de petroleiros, bancários, correios, químicos, entre outros.
O governo Dilma, que alardeava que a crise não chegaria nunca ao Brasil, agora reconhece que está instalada. E como todos os governos que respondem aos interesses dos ricos e poderosos, pretende que a crise, criada pelo capital, seja paga pelos trabalhadores que não tem absolutamente nenhuma responsabilidade.
Somado a isso, em plena campanha eleitoral, o processo do mensalão volta a exibir as entranhas podres do sistema e dos políticos corruptos, neste caso os do PT - mas também o são os partidos da base governista, os tucanos, os do PP e do DEM, que utilizam dinheiro publico para comprar votos e para o enriquecimento pessoal da absoluta maioria dos políticos. Por isso, todos votam as medidas contra o povo, como a reforma da previdência, os cortes de gastos nas áreas sociais e o orçamento, que destina quase a metade para pagar juros aos agiotas do sistema financeiro. O mesmo é visto no esquema DELTA-Cachoeira, Parceria Público-Privada organizada para beneficiar Dilma e os governadores do PMDB (RJ), PSDB (GO) e PT (DF), além de parlamentares do DEM, dentre outras siglas.

As centrais sindicais protegem o governo 
São mais de três meses que as greves não param. Em Julho a CUT realizou seu 11º Congresso que passou despercebido para os milhares de grevistas, e dando as costas para estes, os dirigentes da Central governista dedicaram-se a defender Dirceu e Delúbio, réus do mensalão, aclamados como heróis no Evento.
Agora, finalmente, juntaram-se as cinco centrais, todas governistas – CUT, CTB (PCdoB) FS (PDT) CGT e Nova Central, e seus dirigentes declararam “solidariedade com as greves”! Mas o que precisam os trabalhadores é de muito mais que uma simples declaração de solidariedade, que na verdade é uma manobra para tentar se re-localizar!
As centenas de milhares que lutam pelo país afora não tem nenhuma referência na CUT nem nas centrais pelegas! Pelo contrário, na imensa maioria dos casos, foram as bases, novos lutadores e novas gerações que saíram a lutar contra a vontade dos dirigentes, em alguns casos impondo que os próprios burocratas tivessem que decretar paralisações, pois do contrário... Aconteceriam de qualquer forma!

A proposta de governo de mísero aumento parcelado é uma vergonha!
Com a intermediação das centrais governistas o governo Dilma oferece como “última proposta” míseros 15% de aumento em 3 anos: 5% em 2012, 5% em 2014 e 5% em 2015. Com esta manobra, além de não repor sequer a inflação que já supera os 6%, tenta conter o movimento para que não lute nos próximos 3 anos, como vergonhosamente já fizeram tempos atrás na CONDSEF entre 2008 e 2010. O mesmo acordo que impuseram nos correios há dois anos, rejeitado por toda a base! Este acordo vergonhoso está sendo rejeitado por amplos setores dos trabalhadores que estão realizando suas assembléias. Infelizmente, a direção governista da Fasubra, com o apoio das correntes da esquerda como a Conlutas e INTERSINDICAL, apoia e defende este acordo vergonhoso, o que indica o caminho que estas correntes vão defender nas próximas assembleias.
Enquanto tenta controlar o movimento, o governo Dilma, além das habituais concessões aos banqueiros, às multinacionais, as empreiteiras e ao agronegócio, que são os que bancam suas campanhas eleitorais, acaba de anunciar um plano de privatizações de estradas, ferrovias e portos que entregará para a iniciativa privada lucrar, mas cujos investimentos serão feitos com dinheiro publico do BNDES! Não por acaso o mega empresário Eike Batista, cuja fortuna cresceu de forma estrondosa à sombra dos governos petistas, declarou que o pacote anunciado por Dilma era um “kit de felicidade”!
Isto demonstra que dinheiro há! Bastaria com acabar com as isenções fiscais, os “kits felicidade” para empresários corruptos e desconhecer o pagamento dos juros da dívida pública usurária para garantir um nível decente de salários, e os necessários investimentos em educação e saúde publica, na segurança, em planos de moradia e em proteção ao meio ambiente. 

Há outro caminho a seguir: Unificar as lutas e construir uma greve geral
Está demonstrado que sobra a vontade e a decisão de luta do povo trabalhador. O que falta são direções dispostas e defender seus interesses de forma consequente.
Os últimos três meses representam um marco histórico, pois mostrou que em nosso país está colocada a necessidade e possibilidade da unificação das lutas, começando pelo setor público, e sua coordenação com o setor privado, o que levaria a começar a trilhar o caminho da construção de uma greve geral.
Mas, os mesmos setores que se negaram a unificar, são agora vanguarda em querer suspender a greve do funcionalismo público!
O governo Dilma, entre a crise da economia, o julgamento do mensalão e as greves, sofre um importante desgaste. Trata-se de uma visão errada a da “fortaleza do governo Dilma” medida somente a partir de seu índice de aceitação nas pesquisas. Pois o fato marcante é que nem ela, nem o PT, nem Lula nem a CUT conseguiram evitar o generalizado processo de greves que, furando o bloqueio das direções, se impôs pela força da base.
As greves no funcionalismo não acabaram. E se aproximam as campanhas salariais de petroleiros, bancários, correios, químicos. É urgente que os lutadores classistas e combativos tirem conclusões e se preparem para estas batalhas, formando comandos de greve que imponham a vontade da base, que se coordenem os diferentes movimentos para construir e exigir uma jornada unificada de lutas de todos os setores, para exigir do governo o aumento salarial, o plano de carreira e as condições de trabalho reivindicados nas lutas.
Esta será a forma de derrotar o governo: através da construção de uma poderosa greve geral, que imponha o fim desta política econômica com a suspensão do pagamento dos juros da dívida pública, que acabem as isenções ao capital, que outorgue as reivindicações aos trabalhadores e que invista nas áreas sociais como saúde, educação, segurança e moradia. Dessa forma, serão os ricos os que pagarão pela crise que eles provocaram, acabando de vez com a política criminosa de penalizar o povo por uma crise que não é de sua responsabilidade.
Além da organização e da luta, que sempre são necessários, os grevistas e ativistas do movimento social, devem refletir sobre o processo eleitoral. É necessário derrotar os partidos que aplicam e apóiam a atual política econômica que penaliza os trabalhadores, além dos políticos e das empresas que sustentam essa falsa democracia corrupta que não nos representa. Devemos mudar os atuais governantes e eleger parlamentares lutadores e coerentes. O caminho passa por fortalecer a mobilização e, em outubro, votar no PSOL.

Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2012
Babá - Direção Nacional do PSOL, professor da UFRJ, integrante do comando de greve docente.

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