É preciso derrotar nas ruas e nas urnas, Eduardo Paes e Sergio Cabral
Escreve
Babá*
Diferente
do que o ex-presidente Lula declarou no programa eleitoral de Eduardo Paes,
nossa cidade perdeu muito nos últimos anos. O condomínio de legendas de aluguel
sob gestão do PMDB-PT transformou o Rio de Janeiro na cidade das negociatas.
Cabral e Paes tentam novamente ludibriar os eleitores com as promessas de
futuro promissor através de jogadas de marketing utilizando os grandes eventos,
como a Olimpíada. Mas nas últimas semanas, novamente, tivemos provas do
descompromisso dos atuais governantes para com os interesses dos trabalhadores
e do povo.
UPP’s – Nessa Paz não acredito!
Em
primeiro lugar no crescimento da violência. No Bairro da Tijuca, a preocupação
dos moradores aumentou após o assalto a um restaurante em plena luz do dia. O
cruzamento das ruas Mariz e Barros e Professor Gabizo, transformou-se num palco
de guerra, com troca de tiros entre assaltantes e a PM e a praça Afonso Peña
foi arena de perseguição policial. A rotina normal de deslocamento para o
trabalho foi estilhaçada do mesmo modo que os vidros doRestaurante Brasa Gourmet. O sossego chegou ao fim do mesmo
modo com que vidas daqueles pobres assaltantes. Um deles foi capturado com
vida, mas chegou morto ao Hospital. Na prática foi assassinado no percurso,
situação para a qual as autoridades inventaram o nome de “auto de resistência”.
Infelizmente
não é uma realidade apenas da Tijuca. Três crianças e uma jovem perderam suas
vidas em decorrência de violentas operações policiais em Guadalupe, Costa
Barros e Pavuna. Há ainda 15 assassinatos decorrentes de operações do BOPE no
morro do Dendê, na Favela da Maré e Arara.
A
violência e insegurança podem ser vistas até mesmo nos números divulgados pela
PM, com o aumento de 158% dos autos de resistência, tirando a vida das
populações mais pobres e desassistidas.
De
acordo com dados da ONU, em todo país 50 mil pessoas foram assassinadas no
último ano, classificando as metrópoles nacionais entre as mais violentas do
mundo, o que incluiu a nossa cidade.
O
problema da segurança pública não será resolvido com violência policial e mais repressão,
porque toda a política segue marginalizando o povo, removendo populações de
áreas cobiçadas pela especulação imobiliária, impondo a ditadura das milícias
em vastos territórios periféricos. Isso, num país que figura entre os mais
desiguais da América Latina, com mais de um terço de seus habitantes em favelas
e 60% do território descoberto de saneamento básico, sem falar nas péssimas
condições da educação e saúde públicas.
Sem
investimento em áreas sociais, sem rever os contratos com empreiteiras como a
DELTA, sem rejeitar as negociatas como as praticadas com a Fetranspor, não
haverá verdadeira saída para a segurança, pois milhares de crianças e
adolescentes, que hoje não vislumbram qualquer perspectiva de futuro serão
atraídos para o mundo do crime ou serão vitimas inocentes da violência policial.
Por outro lado necessitamos rever a lógica do atual “choque de ordem”.
Necessitamos qualificar melhor nossa tropa, desmilitarizar a guarda municipal,
conceder o reajuste salarial reivindicado pelos praças, garantir direito de
livre manifestação e organização sindical para os militares, além de
reincorporar os demitidos PM’s e Bombeiros grevistas, a exemplo do Cabo
Daciolo.
Não à Privatização do Galeão
Dilma,
com apoio de governadores e prefeitos, acaba de lançar a nova fase de seu plano
de privatizações da infraestrutura nacional, abrangendo estradas, ferrovias e
aeroportos. Tudo absurdamente financiado com recursos públicos do BNDES.
A
forma não pode nos confundir: concessão, terceirização, parceria
público-privada, são apenas outros nomes para denominar a privatização. No caso
do Galeão, o pomposo nome Parceria Público-Privada é a forma encontrada para
entregá-lo aos interesses de uma empresa estrangeira do setor. O que é mais
absurdo, é que as vésperas da privatização, a INFRAERO realiza um investimento
de R$ 153 milhões no aeroporto, que é um dos poucos que possui lucro liquido de
arrecadação.
A
medida é um absurdo. Basta olhar o sistema de telecomunicações para ver os
problemas que a privatização impôs ao país e aos milhares de usuários da
telefonia ou ainda as consequências nefastas das terceirizações na educação e
das OS’s na área da saúde.
Santa Teresa não perde o bonde e a esperança
Após um ano da tragédia ocorrida com o bondinho, os moradores de
Santa Teresa e frequentadores do bairro voltaram a protestar. O descaso dos
governantes foi responsável pela perda de vidas humanas e pelos danos físicos e
emocionais aos mais de 48 feridos no fatídico acidente. No entanto Cabral e Paes
seguem de costas para a população mesmo após seus erros. Desconsideraram todos
os alertas, protestos e reivindicações da AMAST (Associação dos Moradores e
Amigos de Santa Teresa), que exigiam manutenção e mais investimentos. Agora,
por meio de licitação pretendem favorecer negociatas com empresas da Gang do Guardanapo,
impondo a empresa Ttrans S/A para fabricar novos bondes, de outros modelos.
Além de descaracterizar o histórico meio de transporte do local a empresa possui
o agravante de que deveria ter reformado os antigos modelos em 2005, veículos que
hoje estão parados. Pelo menos uma explicação vem a tona: queriam o fim dos
modelos anteriores para lucrar mais na confecção dos novos, bem ao estilo da “ética
do mercado” descrito pela empresa Locanty.
Não há outra saída: pra mudar é preciso lutar, como fizeram e fazem
os moradores de Santa Teresa. É preciso organização e mobilização. Por isso,
estive presente na manifestação por ocasião de um ano da tragédia,
juntamente com Eliomar Coelho, vereador do PSOL, Mc Leonardo, candidato a
vereador e presidente da Apafunk, Chico Alencar, nosso deputado federal, além
de Marcelo Freixo, o futuro prefeito do Rio.
Em outubro temos que dar o troco também nas urnas, votando no
PSOL, elegendo Marcelo Freixo prefeito e uma forte bancada de vereadores do
PSOL.
*Morador da Tijuca, integrante do comando de greve da UFRJ e fundador do
PSOL.
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