
O governo Dilma, que alardeava que a crise não
chegaria nunca ao Brasil, agora reconhece que está instalada. E como todos os
governos que respondem aos interesses dos ricos e poderosos, pretende que a crise,
criada pelo capital, seja paga pelos trabalhadores que não tem absolutamente
nenhuma responsabilidade.
Somado a isso, em plena campanha eleitoral, o
processo do mensalão volta a exibir as entranhas podres do sistema e dos
políticos corruptos, neste caso os do PT - mas também o são os partidos da base
governista, os tucanos, os do PP e do DEM, que utilizam dinheiro publico para
comprar votos e para o enriquecimento pessoal da absoluta maioria dos
políticos. Por isso, todos votam as medidas contra o povo, como a reforma da
previdência, os cortes de gastos nas áreas sociais e o orçamento, que destina
quase a metade para pagar juros aos agiotas do sistema financeiro. O mesmo é
visto no esquema DELTA-Cachoeira, Parceria Público-Privada organizada para
beneficiar Dilma e os governadores do PMDB (RJ), PSDB (GO) e PT (DF), além de
parlamentares do DEM, dentre outras siglas.
As centrais sindicais
protegem o governo

São mais de três meses que as greves não param. Em
Julho a CUT realizou seu 11º Congresso que passou despercebido para os milhares
de grevistas, e dando as costas para estes, os dirigentes da Central governista
dedicaram-se a defender Dirceu e Delúbio, réus do mensalão, aclamados como
heróis no Evento.
Agora, finalmente, juntaram-se as cinco centrais,
todas governistas – CUT, CTB (PCdoB) FS (PDT) CGT e Nova Central, e seus
dirigentes declararam “solidariedade com as greves”! Mas o que precisam os
trabalhadores é de muito mais que uma simples declaração de solidariedade, que
na verdade é uma manobra para tentar se re-localizar!
As centenas de milhares que lutam pelo país afora
não tem nenhuma referência na CUT nem nas centrais pelegas! Pelo contrário, na
imensa maioria dos casos, foram as bases, novos lutadores e novas gerações que
saíram a lutar contra a vontade dos dirigentes, em alguns casos impondo que os
próprios burocratas tivessem que decretar paralisações, pois do contrário...
Aconteceriam de qualquer forma!
A proposta de governo
de mísero aumento parcelado é uma vergonha!
Com a intermediação das centrais governistas o
governo Dilma oferece como “última proposta” míseros 15% de aumento em 3 anos:
5% em 2012, 5% em 2014 e 5% em 2015. Com esta manobra, além de não repor sequer
a inflação que já supera os 6%, tenta conter o movimento para que não lute nos
próximos 3 anos, como vergonhosamente já fizeram tempos atrás na CONDSEF entre 2008
e 2010. O mesmo acordo que impuseram nos correios há dois anos, rejeitado por
toda a base! Este acordo vergonhoso está sendo rejeitado por amplos setores dos
trabalhadores que estão realizando suas assembléias. Infelizmente, a direção
governista da Fasubra, com o apoio das correntes da esquerda como a Conlutas e INTERSINDICAL,
apoia e defende este acordo vergonhoso, o que indica o caminho que estas
correntes vão defender nas próximas assembleias.
Enquanto tenta controlar o movimento, o governo
Dilma, além das habituais concessões aos banqueiros, às multinacionais, as
empreiteiras e ao agronegócio, que são os que bancam suas campanhas eleitorais,
acaba de anunciar um plano de privatizações de estradas, ferrovias e portos que
entregará para a iniciativa privada lucrar, mas cujos investimentos serão
feitos com dinheiro publico do BNDES! Não por acaso o mega empresário Eike
Batista, cuja fortuna cresceu de forma estrondosa à sombra dos governos
petistas, declarou que o pacote anunciado por Dilma era um “kit de felicidade”!
Isto demonstra que dinheiro há! Bastaria com acabar
com as isenções fiscais, os “kits felicidade” para empresários corruptos e desconhecer
o pagamento dos juros da dívida pública usurária para garantir um nível decente
de salários, e os necessários investimentos em educação e saúde publica, na
segurança, em planos de moradia e em proteção ao meio ambiente.
Há outro caminho a seguir:
Unificar as lutas e construir uma greve geral
Está demonstrado que sobra a vontade e a decisão de
luta do povo trabalhador. O que falta são direções dispostas e defender seus
interesses de forma consequente.
Os últimos três meses representam um marco histórico, pois mostrou que
em nosso país está colocada a necessidade e possibilidade da unificação das
lutas, começando pelo setor público, e sua coordenação com o setor privado, o
que levaria a começar a trilhar o caminho da construção de uma greve geral.
Mas, os mesmos setores que se negaram a unificar,
são agora vanguarda em querer suspender a greve do funcionalismo público!
O governo Dilma, entre a crise da economia, o
julgamento do mensalão e as greves, sofre um importante desgaste. Trata-se de
uma visão errada a da “fortaleza do governo Dilma” medida somente a partir de
seu índice de aceitação nas pesquisas. Pois o fato marcante é que nem ela, nem
o PT, nem Lula nem a CUT conseguiram evitar o generalizado processo de greves
que, furando o bloqueio das direções, se impôs pela força da base.
As greves no funcionalismo não acabaram. E se
aproximam as campanhas salariais de petroleiros, bancários, correios, químicos.
É urgente que os lutadores classistas e combativos tirem conclusões e se
preparem para estas batalhas, formando comandos de greve que imponham a vontade
da base, que se coordenem os diferentes movimentos para construir e exigir uma
jornada unificada de lutas de todos os setores, para exigir do governo o
aumento salarial, o plano de carreira e as condições de trabalho reivindicados
nas lutas.
Esta será a forma de derrotar o governo: através da
construção de uma poderosa greve geral, que imponha o fim desta política
econômica com a suspensão do pagamento dos juros da dívida pública, que acabem
as isenções ao capital, que outorgue as reivindicações aos trabalhadores e que
invista nas áreas sociais como saúde, educação, segurança e moradia. Dessa
forma, serão os ricos os que pagarão pela crise que eles provocaram, acabando
de vez com a política criminosa de penalizar o povo por uma crise que não é de
sua responsabilidade.
Além da organização e da luta, que sempre são
necessários, os grevistas e ativistas do movimento social, devem refletir sobre
o processo eleitoral. É necessário derrotar os partidos que aplicam e apóiam a
atual política econômica que penaliza os trabalhadores, além dos políticos e
das empresas que sustentam essa falsa democracia corrupta que não nos
representa. Devemos mudar os atuais governantes e eleger parlamentares
lutadores e coerentes. O caminho passa por fortalecer a mobilização e, em
outubro, votar no PSOL.
Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2012
Babá - Direção Nacional
do PSOL, professor da UFRJ, integrante do comando de greve docente.
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