Resposta à campanha da direita sionista contra o PSOL
Companheiros,
Antes de
entrar na nota em si, lhes repasso um link onde todos poderão ver as fortes
fotografias dos últimos ataques à Faixa de Gaza feitos em 2011 (http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/4192-bombardeios-em-gaza#foto-78060). As imagens são fortes e reais e seguem uma rotina de décadas.
Trata-se de mais um ataque opressor, de um Estado que subjuga um povo há muitas
décadas com um dos exércitos mais bem equipados e financiados do mundo, com
alto poder nuclear e financiamento direto dos Estados Unidos. Mais uma vez,
repudiamos esse ataque e nos colocamos em solidariedade ao povo palestino.
Essa nota tem
o intuito de esclarecer e debater o processo eleitoral e o ataque político que
estamos sofrendo neste momento, numa verdadeira campanha difamatória desencadeada
pela direita sionista contra o PSOL. Eu sou candidato a vereador e o PSOL,
partido do qual sou fundador, tem Marcelo Freixo como candidato a prefeito do
Rio. Nela, vou me posicionar sobre o momento da campanha e também sobre nossa
posição sobre temas como Estado de Israel, Palestina, sionismo, antissemitismo,
direitos humanos e humanidade. Para tanto, alerto o leitor que queira dialogar
conosco que temas de tal complexidade não puderam ser resumidos em poucas
linhas. Para completar, recorro a citações de organizações políticas e
intelectuais. Boa leitura e bom debate, sadio e democrático. Vai ter segundo
turno!
Assembleia de Jovens na Cinelândia refletiu o crescimento de Freixo |
O
crescimento de Freixo nas pesquisas eleitorais e nas ruas está precipitando um
movimento que se tornou corriqueiro nas eleições do Rio de Janeiro. A investida
dos partidários de Eduardo Paes que vinha se dando no campo da cultura,
acusando Freixo e o PSOL de serem antidemocráticos e de “dirigismo cultural”, em
relação às escolas de samba, agora se manifesta no debate histórico sobre o
Oriente Médio e as manifestações políticas acerca disso. Logo, logo, podemos
imaginar que buscarão outros temas considerados tabus para tentarem de maneira
desesperada impedir o nosso crescimento, que já é uma tendência.
Antes de
mais nada, quero esclarecer e reiterar que não apenas o PSOL, mas o conjunto da
esquerda acumula há muitos anos uma posição de ficar ao lado do povo oprimido
palestino, denunciando com veemência as atrocidades do Estado nazi-sionista de
Israel.
O fato de
agora, assim como o do carnaval e das escolas de samba, está eivado de
distorções, sensacionalismo e manipulação. Refiro-me a um vídeo onde eu
apareço, junto a outras pessoas, em uma manifestação em solidariedade ao povo
palestino e contra o massacre executado pelo Estado de Israel. O vídeo é de
2009, e nele, as bandeiras dos EUA e de Israel foram queimadas.
Sobre o
vídeo e sobre o tema, gostaria de considerar o seguinte:
A manifestação
Ato em defesa do povo palestino, em repúdio ao massacre em Gaza (Rio de Janeiro/2009) |
A
manifestação aqui do Rio fez parte de uma jornada mundial de manifestações de
solidariedade ao povo palestino que sofria um ataque militar naquele momento. Estamos
falando de mortes, que já contabilizavam cerca de 350, dentre elas várias
crianças e um hospital bombardeado.
A
orientação do PSOL (ler nota do PSOL http://www.liderancapsol.org.br/noticias/geral/558-psol-promove-atos-em-defesa-do-povo-palestino-.html?349dca8a83294b3c55eb74a2686523b3=d8e5dd89cab3c21790958dc7ee6d18ff ), foi a de impulsionar com toda a força a construção destas
manifestações como tarefa internacionalista e humanitária dos socialistas. O
ato, portanto, não foi apenas justo, mas uma OBRIGAÇÃO de quem defende os
direitos humanos em todo o mundo. Dele participaram militantes de todas as correntes
do PSOL. Somos contra as remoções que Eduardo Paes faz em nossa cidade, e somos
contra as remoções que Israel faz com os Palestinos. Somos contra a tortura e a morte que fazem em
nosso sistema penitenciário, assim como somos contra a que ocorre, todos os
dias, nas prisões israelenses.
Judeus queimam bandeira do Estado sionista de Israel, em defesa do povo palestino |
Sobre queimar bandeiras
Queimar uma
bandeira é um ato simbólico, que demonstra repulsa a tal ou qual instituição. Os
socialistas têm total repulsa ao Estado Imperialista norte americano e à
política do seu governo. Os socialistas também têm total repulsa ao Estado
racista nazista de Israel e ao seu governo.
Durante a
guerra do Vietnã, centenas de milhares de militantes pacifistas estadunidenses
queimavam a bandeira dos EUA, do seu próprio país, para demonstrar sua
indignação com a política estatal. Nós sempre os apoiamos. Caso os camponeses e
indígenas bolivianos queimassem uma bandeira brasileira por conta da ingerência
da empreiteira OAS e do governo brasileiro que destrói suas florestas, ficaríamos
do lado dos explorados bolivianos ou dos empreiteiros brasileiros? Certamente estaríamos
ao lado dos camponeses e indígenas bolivianos e não nos sentiríamos ofendidos
caso queimassem nossa bandeira para simbolizar seu repúdio. Somos
internacionalistas e afirmo que tenho mais coisas em comum com um trabalhador
boliviano, israelense, palestino, etc., do que com qualquer patrão, mesmo que
patriota, brasileiro.
Mas, além
de tudo isso já exposto, o que mais me impressiona ao ler os comentários na
internet, é que o ato de queimar bandeiras seja considerado algo violento,
bruto, agressivo e coisas do tipo. Os mesmos que falam isso deveriam refletir
que queimar uma bandeira não é absolutamente NADA comparado às décadas de
martírio de um povo, comparado às milhares de mortes. O único estado do mundo
onde a tortura é legalizada faz todos os dias mais ou tanta barbárie quanto algumas
das guerras mais violentas que o mundo já teve. Portanto, os humanitários de
verdade, não se preocupam com uma bandeira e com um símbolo, se preocupam com
as vidas. As vidas e mortes não são simbólicas, são concretas.
Sobre o antissemitismo
Sobre o antissemitismo
Nossos
detratores, os que postaram originalmente os vídeos, acusam-nos de antissemitismo,
o que significa que seriamos hostis aos judeus. Isto é uma absurda mentira,
pois o que é da tradição do verdadeiro socialismo é ser veementemente contrário
a qualquer discriminação aos judeus ou à qualquer povo, raça, etnia, ou
religião do mundo. Junto com isso, também de forma veemente, somos contra o Estado
racista e nazista de Israel e à sua política e não contra o povo
trabalhador que ali mora. Aliás, assistimos com entusiasmo as mobilizações de
trabalhadores e da juventude israelense, que ano passado foram aos milhares
para as ruas lutando por melhores condições de vida contra os planos de ajuste
de seu governo.
Da mesma
forma, saudamos com entusiasmo as diversas intifadas palestinas e nos colocamos claramente do seu lado.
Perguntamos aos nossos detratores, de que lado vocês estão: com a intifada ou
com a repressão dos soldados israelenses?
Sobre o Estado de Israel
Toda a história e tradição da esquerda
marxista e socialista tem sido de rejeição ao sionismo o que é bem diferente de
ser antissemita. Assim como repudiamos o antissemitismo, rejeitamos com a mesma
força o movimento sionista. Pois o sionismo foi a ideologia montada para
justificar e legitimar a invasão e
ocupação da Palestina em 1948, expulsando de suas terras no momento e nas
sucessivas guerras de ocupação mais de 4 milhões de palestinos; massacrando, encarcerando
e torturando. No território havia 950 mil árabes palestinos vivendo em cerca de
500 povoados. Em menos de seis meses sobraram apenas 138 mil pessoas, pois a
grande maioria dos palestinos havia sido assassinada, expulsa pela força ou
fugido aterrorizada diante dos bandos assassinos das unidades do exército
israelense.
Israel é um
estado artificial, um verdadeiro enclave do imperialismo para impedir que
avance a democracia, a independência e o socialismo nos países árabes. Não por
acaso é o país que recebe a maior ajuda militar por parte dos EUA e que possui um
poderoso arsenal atômico, além de nunca ter aplicado nem aceito as resoluções
da ONU que a condenavam pelo uso indiscriminado da força e da violência. Talvez
muitos tenham visto ou ouvido falar sobre a Faixa de Gaza e Cisjordânia: bem,
estas terras ocupadas pelos exércitos israelenses são hoje verdadeiros campos
de concentração como o foram os de Auschwitz ou Buchenwald
na Alemanha nazista. Há diversas personalidades de origem judia, intelectuais e
artistas, que hoje condenam e chegam a essa conclusão: o que o Estado de Israel
faz com os palestinos é a mesma coisa que os povos de origem judia sofreram com
a perseguição nazista e fascita. Como bem afirma o escultor a ativista, Nobel
da Paz, Adolfo Pérez Esquivel: “Os
ataques, a destruição e a morte em Gaza e no Líbano e as ameaças permanentes a
outros povos, têm levado o Estado de Israel a se transformar num Estado
terrorista, utilizando as torturas e os ataques à população civil nos quais as
vítimas são mulheres e crianças. Até quando continuará essa política de terror?”
Perguntamos
aos nossos detratores: vocês defenderam o Estado racista nazista da África do
Sul? Ou pelo contrário, como todos os democratas e socialistas do mundo,
lutaram e se solidarizaram com o povo negro sul-africano que finalmente e de
forma heroica derrotou esse estado racista? Pois bem: trata-se da mesma luta
contra um estado racista e nazista, que ataca e mantêm seu domínio sobre os
palestinos graças ao terror e a repressão feroz, da mesma forma que o fizeram
os sucessivos governos da minoria branca na África do Sul.
Camisa utilizada por sionistas: "1 tiro, 2 mortes", apologia ao assassinado de grávidas palestinas |
A
esquerda socialista tem a responsabilidade e a obrigação de dizer a verdade ao
povo brasileiro e educar as novas gerações sobre o real significado do Estado
racista de Israel, assim como de manifestar a irrestrita solidariedade com o
povo palestino. Vejamos alguns antecedentes que ilustram a batalha da esquerda
socialista (sublinhados nossos):
a) No site da corrente Enlace (PSOL) foi publicado em maio de 2012,
uma nota de um membro da esquerda revolucionária síria define: “Um Egito e
Síria progressistas, democráticos e
verdadeiramente independentes são infinitamente mais perigosos para o
apartheid estatal sionista e os seus territórios ocupados do que a
República islâmica e repressiva da Síria”.
b) Na Revista da Fundação do PSOL (Lauro Campos) em 24/08/12 aparece
uma nota de Rasem Shaban Bisharat, palestino e mestre em História pela
Universidade da Jordânia, que entre outras considerações define: “Israel não
tem o direito de reivindicar o caráter judaico do Estado e de privar os
palestinos da elegibilidade e da sua presença, ou o direito de retorno dos
proprietários de terras que foram deslocadas pela força em 1948 para trazer um novo
povo que nunca viveu naquela terra[...] Israel e o movimento sionista devem perceber que os mitos que eles haviam
fabricado para reivindicar direitos na Palestina histórica não passam de lendas
e pura fantasia e é impossível prosseguir incólume.
c) Em 2010, o nosso deputado federal Chico Alencar reproduziu no seu
boletim uma nota do MST em solidariedade com a Palestina. Reproduzimos
alguns trechos: “É preciso transformar essa indignação diante da violência
de Israel num gigantesco movimento de massas de caráter internacional que faça
recuar esse monstro nazi-sionista. O expansionismo e o militarismo israelense
são parte da tentativa do imperialismo de sufocar as legítimas lutas de
libertação nacional e por transformações sociais que se desenvolvem neste
momento em todos os países do mundo”.[...] O governo brasileiro deve voltar
atrás na sua decisão de firmar, ratificar e regulamentar o Tratado de Livre
Comercio Israel-Mercosul. Consideramos um grande erro manter relações
comerciais desse nível com um Estado que desrespeita cotidianamente os direitos
humanos e resoluções da ONU...”
d) Sob o título de ‘ISRAEL É UM ESTADO RACISTA’, a ativista e
escritora Mar Gijón Mendigutía convoca: “Já é hora de remediar o dano feito,
é hora de começar um poderoso movimento contra Israel igual ao que se fez
contra o apartheid da África do Sul”.
e) Na convocatória ao Ato em Solidariedade com o Povo Palestino de
junho de 2010, o Comitê de apoio denuncia: “Um dos manifestantes que esteve
na Faixa de Gaza há pouco tempo, denunciou que o ataque à frota Gaza Livre foi
comemorado pela juventude sionista nas ruas de várias cidades israelenses e que
o Estado de Israel trabalha noite e dia para introduzir sua mentalidade
fascista na consciência da população”.
f) Em novembro de 2011, nosso deputado federal Chico Alencar
participou de uma visita de cinco dias com uma delegação de congressistas de diversos
países à Faixa de Gaza e denunciou: “Do ponto de vista humanitário a situação é
terrível... Há três anos e meio que existe bloqueio militar e, há dois anos, a
chamada Operação Chumbo Derretido, condenada internacionalmente, inclusive com
restrições da ONU, representou um massacre àquela população”.
g) Nosso companheiro Milton Temer, ex-deputado e fundador do PSOL,
denuncia também a amálgama preconceituosa entre Judeu, sionista e israelense.
Afirma em seu blog em 25/06/12: “Para os sionistas fundamentalistas, sou um antissemita,
embora seja semita de origem. Por que? Porque não hesito em diferenciar o
sionismo, reacionário e xenófobo, do judaísmo humanista. Constato, pelo artigo
em anexo, que estou em boa companhia. Existe uma lista elaborada por entidade
sionista Self Hating and/or Israel Threatening,
cujas iniciais produzem a sigla SHIT (merda, em inglês), produzida por
site sionista, denunciando como traidores os judeus que não se alinham com a
política de Israel em relação à Palestina, mesmo quando cumpridores fiéis dos
preceitos da religião. Noam Chomsky, Daniel BenSaid, e Woody Allen estão
entre os mais de 7 mil judeus que "envergonham os judeus", por não se
renderem ao amálgama entre Judaísmo, Sionismo e Estado de Israel. Sinto-me
honrado pela companhia.”
h) O mesmo Milton Temer, em matéria de 17-03-12 denuncia: “No
confronto Israel-Palestina, não se trata de uma guerra entre dois Estados.
Trata-se da ocupação militar, por parte do governo de Israel do território
palestino usurpado ao longo de décadas, contra todas as resoluções
condenatórias da ONU. Trata-se da ação de um Estado religioso fundamentalista,
possuidor clandestinamente de um imenso arsenal nuclear, no papel de gendarme
dos interesses norte-americanos no Oriente Médio, contra um povo limitado a
pouco armamento portátil, quando se trata de resistência adulta, e a
estilingues quando exercida por um bando de desesperados garotos. Trata-se,
resumindo, de crime contra a humanidade que deveria ser alvo dos tribunais
internacionais...”
Lamentamos que alguns socialistas, por pura ambição eleitoreira, tenham abandonado estas definições e estas bandeiras, para se somar ao coro sionista contra os que continuam batalhando contra o estado sionista, racista e nazista de Israel, em favor da causa palestina.
Existem debates importantes entre os que defendem esta causa.
Devem ser feitos. Por exemplo, não acreditamos na “solução negociada”, de dois
estados, pois essa foi a política hipócrita do
imperialismo durante décadas, e são mais de 50 anos que vêm se demonstrando um
fracasso. De nossa parte, defendemos uma Palestina única, laica, ou seja, sem
religião de Estado, não racista e democrática, com o direito ao retorno de
todos os palestinos exilados, pela devolução de suas terras, e que
democraticamente o povo defina quem e como deva ser governada.
Para finalizar, voltamos a lamentar que se tente tirar vantagem
eleitoral de uma ação que nos orgulha: a luta sem quartel contra o Estado
sionista e racista de Israel, seu governo e seus símbolos. Chamamos à todos fraternalmente
a retomar a herança e a tradição socialista, de condenar esses crimes contra a
humanidade ao invés de condenar a queima das bandeiras de dois países que
simbolizam o extermínio do povo palestino.
Babá
Professor UFRJ, ex-deputado federal e candidato a vereador.
Corrente Socialista dos Trabalhadores – CST/PSOL
Sou ex-militante do PT, que como muitos integrantes do PSOL cansaram da descaracterização crescente do Partido dos Trabalhadores em busca do poder. Brilhante o texto acima, o que demonstra a qualidade de um partido comprometido com a justiça, mesmo que essa luta comprometa grupos muito ricos que manipulam eleições no mundo inteiro através de financiamentos milionários. PARABÉNS. Tenho alertado amigos para fecharmos nosso voto no PSOL. Vereador e Prefeito, pois nosso modelo de representação aponta essa como a melhor alternativa para evitarmos chantagens de partidos de aluguel.
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